terça-feira, 23 de outubro de 2018

Esquerda direita

Repetido várias vezes sugere uma marcha
Enquanto esperança, é sem fé
Duas coisas iguais e diferentes
Porém, só existem se coexistirem
Ninguém anda normalmente sem ambas
As pernas, o compasso e o esquadro
Pessoas, bichos e poesia, quente ou fria
Assim como a culpa e o medo
São as pernas que nos deixaram
Onde nos equilibramos até subirmos
Talvez onde o interesse seja cairmos
Contradições de um pêndulo
Alguém deixará de existir por um dos lados?
Vitória sobre a derrota? ou será o contrário!
Temos certezas de que não há certeza
Até onde vejo sucedem erros
E jogar com palavras enquanto gratuitas
Beleza de quem pode e nem de quem quer
Até quando teremos medo de dizer...
Que o que é belo é para esconder?
Um poeta se calar é por coragem?
Aguardar até que não sobrem flores?
No jardim de um Brecht, sem orvalho
Está o árido de uma raça árida
O neo nazo do nazareno se agita
Como um novo nariz que brota amputado
Da cara que não conhecemos, infeliz
Que nos dita de forma dura
Tudo aquilo que nos faz bem feliz
Afinal, nós, o povo, escolhe a coleira
Aquela que aparece de vez enquando
Até consumir o açúcar da bala de fel
Bala, bala, bala... que nem se abala


domingo, 21 de outubro de 2018

Um caso de amor e vida

É talvez uma sombra na memória que me faz o impulso
Escrever sobre esta lembrança assombra e excita
Há tempos nos vemos em vidas que vivemos
Mas o mais importante é a lembrança de como começou
A companhia, os olhares, a vontade de se entrelaçar
Tudo começa como se começam as coisas pequenas
Grandes se tornam ao perfazermos os caminhos de pedras
E é destino que se faz a cada instante quase sem dor
O primeiro toque na pele e a dor que por breve distância...
Não que fosse insuportável, mas queimava cada segundo
Tudo são flores quando se ama, não há espaço para mais
Aprendemos que esse amor não é por uma pessoa apenas
Impossível quem ama o fazer só por uma pessoa
Isso não é amor e sim possessão, perigoso veneno
Na vida há jardins e jardins e flores e flores
Mas um amor de verdade sabe quem o conhece



sábado, 2 de junho de 2018


Existo
02-06-18

Hesito, penso e sofro
sem medo e sem sentido
eu me grito metamorfo

na selva que me cerca
me cerco do que vejo
a sobra de tudo se perde

tropeço nas curvas ao norte
reduzo, piso, subo a serra
chego onde não quis ir

o horizonte abre e eu me perco
um vento frio me fere
a retina se furta

entre mim e o infinito
o real e o fantástico recheiam
um desconhecido... aflito

a fuga, o lobo, a pulga
o vento a beliscar a face
o frio a cortar a mente

fatias que caem no chão
pedaços não voltarão
um tudo, um nada

fatais contos urbanos
me lembram horrores
me aprazem contos de fadas

agora, já, não penso
logo, agora, já, existo

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Plantar


Plantar – 01062018

Plantar sementes no chão
palavras que não sei plantar
canto que não se quer cantado
clarão que se esconde nas sombras
linhas se perdem sem sentidos
incertas em onde se ocultar
no chão sementes plantar

sábado, 29 de agosto de 2015

Não existe molhado igual ao pranto 151114

Como quem perde a liberdade quer ver
Como busca a fresta que se abre na parede
Como cala e desespera quem desencanta

Mãos na cara abrem os olhos
E distingue entre cromas
A visagem daquilo que não foi

Regatos correm no mapa de minha cara
Pele trincada como o solo sequeiro
Na fronteira da vida vejo a descontinuação

Pela liberdade reforcei as barras da prisão

Quando será o dia que me desapego?
Quebro minhas correntes e me repedaço
Junto minha alma à minha vida
E saio inteiro desta gaiola de ilusões?

Quando lerei exatamente o que foi escrito?
Quando a fantasia deixará de me perseguir?
Pois não há grades, nem lágrimas, nem nada

Acreditei e me consumi
Procurei e me perdi
Busquei por mim fora de mim

Devo perfazer caminho contrário


* o titulo se relaciona ao nome de letra de uma das musicas de Ze Ramalho 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Flocos de neve - 210914

O ar parava, assim como param os amantes antes do beijo

Sob uma árvore ensanguentada ouvi o canto do pássaro

Abri um livro e me vi despido de segredos como quando nasci

E no asfalto como em artéria aberta vi se lançar o breu

E choveu, e molhei, e verti, e de páginas abertas me escrevi

Quando cheguei no fim do terceiro sonho me assustei

Achei que deveria acordar e vacilante e deserdado espreguicei

Como o vento leva a fumaça, os sonhos pararam de pairar

E na minha mente empoeirada e flácida as coisas voltaram

No lugar de devaneios ficaram os ocos das pedra das agendas

Compromissos sólidos de fantasias que se concretizam

Por malsão desígnio ou por caprichos da força que impera

Então, já que este é o mundo que conta, nada mais a contar

Fôlego, é o que necessitamos para o próximo passo

Depois do café, o trabalho, o almoço, resolver e arrumar problemas

O fim, da tarde, o olhar para coisas de dentro do lado de fora

A busca do prazer e a perda de noção... Sem noção

Poesia fria, num livro nu, sem capa, despido, descabido

Páginas escritas em branco, melhor seria, desescrita

Criptografada, ininteligível, hermética, desconstruída

Flocos de neve que não derretem que não estão nem aí



domingo, 26 de outubro de 2014

Triversos de primavera - Out/14 - N3

 '
 '
cigarras cantam
ecos de primavera
que saem do chão
'
bem-te-vis pousam
contam as aventuras
passadas no ar
'
tenho aguardo
frutos da terra no chão
brotos de vida
'
sementes brotam
as flores do futuro
ciclos que voltam
'
uma folha cai
roça a minha alma
abro os olhos
'
acordo leve
meu corpo menos dorme
mas ainda deve
'
eu sou o tigre 
vivo feroz e calmo
sou desta selva

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Triversos de primavera - Out/2014 - N2



som sem sentido
se repete por ser vão -
ou não ter sido

no oco do mundo
acho de todo sonho -
poço sem fundo

poema de flor
lírio e rosa rubra -
coisas de amor

ralo chuvisco
serena a espera -
mundo é cisco

florem os jardins
e os pontos se unem -
de ti e de mim

vão umas contas
verdade e ilusão -
são duas pontas

calo respiro
desperto distanciado -
no mundo giro


sábado, 18 de outubro de 2014

Triversos 1 - reflexões da primavera *


sinos de vento
a atenção imóvel
o mundo gira

a mão que guia
a pedra no caminho
olhos fechados

o mato seco
e as nuvens vazias
sede na boca

flores cansadas
e as folhas que caem
gotas de chuva

natureza muda
o azul ficou cinza
um silêncio nu

bebi sereno
eu à noite não dormi
um sol vermelho

tilintam sinos
pedras e nuvens caem
a lua e o sol

Haicais de primavera - nov/2014 - Um - Áudio



*
*
*

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Desencaminhante – 010914

Letra p

Persigo um caminho mágico que encontra a luz do sol na lua

Ciência de botequim à parte, que se faça a luz aos cegos

O pior das fantasias é nos vermos nelas sendo dominantes

E sabendo que temos de acordar nos revolta a impotência

 

Para sonhar temos de dormir e o sono não pode realizar

A imaginação sim pode projetar calculando seus objetivos

Porém todo projeto lançado à toa submergirá a si e a todos

Há de se saber juntar e de se saber renunciar às vaidades

 

Tudo é o que é, sendo feio ou sendo belo, tudo é o que é

Poesia pode ser que seja plantar fantasias, mas melhor seria

Melhor faria, se pudesse plantar alguma coisa inesperada e rica

Nada mais de fazer de conta, como quimeras que se contasse

 

Palavras que desencaminhassem nossa marcha ao abismo

Que nos levassem, os cegos, aos caminhos da lucidez e da visão

Pra isto acontecer, melhor teríamos que escrever e expressar

Assim, talvez, recuperaremos as vistas e voltaremos a escolher

 

Há um terrível paradoxo entre saber e acreditar, crer e ter fé

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Renascentistas atuais – 200814



Algumas coisas não prestam mesmo, assim como saber escrever e pensar, juntos e com o ingrediente da ingenuidade.
Naqueles momentos de solidão a gente pode não resistir e falar o que pensa.
Bons tempos quando o mundo não sabia o que pensávamos, bons tempos!
Havia um tal de Erasmo, o Desidério, que dizem, elogiava a loucura.
Outro conhecido era o Nicolau, que escreveu um livro para o príncipe.
O Dante que escreveu papos sinistros e fez imaginar até que existe o inferno.
Um português que codificou a nossa língua, um tal de Camões.
Na música ouvimos Monteverdi, Marenzio, Downland, e dezenas de menestréis e centenas de jograis e inúmeros famosos, e nem tantos, que persistem até hoje.
Nas artes plásticas, de igual forma, podemos falar tantos nomes que nos cansaríamos.
Ciências e demais áreas da filosofia, do concreto ao empírico.
Tudo isto em pouco tempo. Foi uma loucura. Um fenômeno de revoluções em todas as áreas.

Todos, ontem e hoje, somos descartáveis.
Assim como fizeram com o Galileu, hoje faz-se com o Edward Snowden e tantos outros anônimos. Assim, se formos criteriosos quanto a este assunto, veremos que ser surdo ou mudo ou cego ou tudo isso junto, é a melhor forma de viver, ou a pior.
Saber não é problema, desde que você só fale para as pessoas certas.

Uma vaquinha no pasto não pode ter opinião.
No dia que ela pensar diferente e querer lutar por sua liberdade será seu último dia, provavelmente.
Talentos não vem junto com o berço, mas ter talento num mundo de iguais, onde “somos um só”, é perigoso.
Melhor é ser como a maioria.
Melhor é não pensar e deixar que quem faça isto sejam os escolhidos.
Escolhidos por quem? É onde o melhor é o pior.
A melhor arma que conheço é a arte que ajuda a compreensão do espaço que ocupamos.
Este é um mundo perigoso e somos ameaçados por armas e idéias.
Algumas idéias parecem vírus que depois de inoculadas não nos deixarão jamais.
Somente coisas sutis podem ajudar a gente perceber os detalhes do brutal.
Para nos proteger da força bruta nada há melhor do que o desmascaramento de seus atores e intenções; enfrentar ou se calar ou se vender.

Pergunto: porque perdemos tantas energias em gritar contra o que não compreendemos?
Gritar como loucos não é demonstração de razão.

Infelizmente esperamos que um salvador venha nos libertar.
Quem sabe Dom Sebastião aporte em nossas praias? Quem sabe?
Por que palestinos sofrem como os judeus dizem que sofreram pelas mãos de criminosos?
Por que você é livre para usar a sua liberdade até onde ela não desagrade?
Por que você recebe sua quota de cultura onde todos devem falar o mesmo, pensar o mesmo, saber o mesmo, e assim por diante?
Por que você tem, que na prática, negar a sua individualidade?
Mais radicalmente, por que você tem que negar sua divindade?


*
*
*

domingo, 17 de agosto de 2014

Esperanças – 170814*

A que há de se ter sem jamais a ter querido
Posto que se lhe a querer é sinal de a ter perdido
Onde viver deveria apenas se ir vivendo
Se perde em desvios o senso que eu pensava ter

À minha frente só está a verdade que distraio
E para não encontrá-la conto mil contos
Fecho meus olhos e nada ouço, não quero
Reabro a ferida para ali encontrar descanso

Um novo dia para o mundo está a raiar
De minha janela, eu absorto, relembro
Do passado, nutro este e aquele momento
Até que desuso pensar e o sono me abraça

Dentro deste novo mundo vivo o velho
Que teimo em não deixar trazendo sofrimento
Revivo em cada canto sonho e desencanto
E neste mistério, e entre sonhos me revelo

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Uma tantada *


-->

Pra que saber? *

Posted by paulovinheiro on junho 20, 2013
goin
Há coisa que a gente não precisa saber o porque, o motivo.
Há coisas que não se precisa saber, dizem.
Nosso coração bate e pára e preferimos que ele bata, claro, é o nosso coração.
Pensar dói, mas o que fazer? As outras opções ao pensar que nos dão no mundo faz sofrer ainda mais.
Estou alegre, sim. O brasileiro não é sangue de barata. É menos zumbi televisivo que se achava. Pelo menos os que estão na rua.
A realidade brasileira… ah… a realidade brasileira… é comovente.
Os que estão, em maioria, em protesto pelas ruas buscam soluções a coisas que estão à mão. Os problemas estruturais de nossa nação quem cuidará? Os mesmos? Partidos? Um grande rei judeu que se levantará e governará o mundo?
Gandhi fez uma revolução e não se preocupou nem com sua própria vida para obter os resultados. Quando foi imolado não era jovem.
Respostas ao seu trabalho vemos até hoje.
O que está acontecendo nos fascina, mas o perigo é este, o fascínio.
Fascínio: encantamento, mau-olhado, quebranto.
Como qualquer mortal vivemos admirados com tecnologias, religiões, bases racionais, eventos, movimentos sociais.
Sucintamente: uma dada elite incomodada com a monarquia européia precisou de uma revolução, a francesa, pra ganhar espaço. Muito se fala da Revolução Francesa (será que ainda se fala nisso?), mas o por que e o porque do porque ela aconteceu?
Na Rússia, 1917, 2000 “americanos” desembarcaram para fazer a Revolução Comunista, e fizeram.
O mundo foi jogado num lamaçal de sangue nas duas guerras do século passado.
Alegasse o “Holocausto Judeu”, mas esquecemos do “HOLOCAUSTO DE DESDREN”, mas temos de saber os motivos dos motivos de ambos os casos. Afinal, o que significa a palavra HOLOCAUSTO, será que é: dar em sacrifício? Quem deu o que em sacrifício? Sacrificar o que a que deus para consegui que tipo de benefício?
As coisas acontecem de vagar, nas sombras, e os meios de comunicações usados de forma frenética, hoje em dia, também podem ser utilizados com inteligência (e por nós).
Nós temos de perceber o momento histórico.
Para uma minoria barulhenta que busca resultados imediatos, os piquetes, as greves, são um grande instrumento.
Numa pátria de alfabetizados funcionais, no mínimo para sobreviver, fica um convite a estudar um pouquinho mais e reconhecer os caminhos já trilhados.
A elite que domina a grana, as informações, a criação das modas, o que pega e o que não fará sucesso. Este pequeno grupo, sim, este, inicia e termina guerras, revoluções e coisinhas do tipo, quando quer. Chamemos de elite global. Tal elite existe a mais tempo que imaginamos.
O convite que faço é que os usuários da internet quem a utilizou para as mobilizações que vemos nesta nossa pátria, inclusive, como verdadeiros patriotas, estudem utilizando a própria rede, tudo o que ainda está à disposição sobre os momentos históricos que mencionei como exemplo – saibam que já retiraram muita informação. 
Certamente quem o fizer não se contentará em nadar no raso (que aparentemente é mais seguro).
Pois é, não importa o que queremos, quando nos cansarmos, através das técnicas de publicidade, agora já se utilizando do fenômeno que vem depois da catarse, mentes brilhantes farão o que quiserem, posto que o estabelecido ruiu.  Mais uma vez seremos visto como massa de manobra, boi, goin.
Pois é, seremos visto como massa de manobra, boi, goin.
Como queremos ser vistos? Queremos ser vistos?
Convido, quando houver tempo, para uma leitura de Gustavo Barroso em sua “História Secreta do Brasil”.
Tá que ele seja radical, mas inteligência não faz mal a ninguém.



Da intenção ao gesto *

Posted by paulovinheiro on julho 10, 2013
povão
No intervalo de uma piscada
Foi assim que vivi o momento
Quando vi já tinha ido, e assim é
Sem tempo pra refletir, ir impensado

Pra que fiz o que fiz?
Pra quem fiz o que fiz?
O que está atrás do ato?
Ai! Eu tô com medo!
Estar pra lá de Bagdad, às vezes, é mais que um símbolo.
A bola da vez , a de estragar, é o Cairo, do Egito.
Não me assusta de o Brasil, terra da paz, uma hora chame a atenção.
Será que já chegou esta hora?
Corporações mudam suas rotas. Empresas de comunicação se unem e percebem que juntas e coordenadas, podem influir no gado, isto é no povão.
Peraí? O povão é gado? É, pois!
Os indivíduos que estão anônimos, que não são grife, preferem estar na manada, serem tratados na manada, agirem como… Perdão, não agem, reagem.
As lideranças, as rotuladas, representantes políticos, sindicais, de classe, agem como representantes de uma outra coisa, de uma elite sem nome, oculta.
Há um gigante tão grande que não se o vê ou sequer é pressentido.





Criação coletiva *

Posted by paulovinheiro on janeiro 24, 2014
Índice
Temos uma necessidade especial de nos sentirmos seguros num grupo.
Temos a ilusão que o grupo nos protege e isto não é necessariamente ruim.
Alguém pra se sentir aceito deve criar em grupo.
O que é o grupo?
Quando há talentos individuais seus portadores se impedem a si mesmos de os revelar.
Há uma compulsão absurda de se fazer ver na manada.
Um diferente muito igual - é ser só um igual sem ser diferente.
Um texto que fala pra uma tribo é legal, mas outro que fale para mais que isso é mais que isso.
É um inferno escrever para agradar, nunca se agrada…
Escrever por gostar de fazê-lo dispensa aplausos e, às vezes, leitores.
Há páginas muito bem escrita de escritores muito bem esquecidos.
Há “campeões de venda” quem merecem os leitores que tem – isso não é elogio.
As redes sociais tem suas serventias, mas não faz eco à qualidade.
Revendo alguns textos de alunos do ensino fundamental e médio…
Entendo como deve ser a postura de novos escritores.
Falar para a média não deveria ser só mediocridade.
Sinceramente, gostaria de escrever melhor, mas estou preso em limitações.
Alguém fez isto, escrever sem escrever, dizer sem dizer, escrevendo e dizendo tudo.
Machado de Assis, ele mesmo nos dá uma aula, àqueles que gostam e não gostam de escrever.
Qual é o seu texto onde ele diz demais sem escrever palavra?




Casar ou comprar uma bicicleta?
Questões como estas, tão sérias, nos faz, volta e meia, meia volta dar.
Confiar é questão de confiança, e não se faz por escolha.
A escolha é ilusão, posto que seguimos a manada.
Nada mais a dizer sobre a opinião, posto que ela é passageira.
Conduzir uma idéia é muito perigoso para a preguiça.
No fim o rio chega ao mar, mas nem chegamos ao início.
No meio do caminho nos pomos a caminhar.
No fim do meio começamos a nos finar.
E ao meio-dia a gente perde o senso e insensato passa a acreditar.






Um sonho de amor – 13172014

Posted by paulovinheiro on julho 20, 2014
Letra P01




Reparo, só agora, que o tempo passou
Quimera, um sonho, que deixou de ser
Estala no ar um beijo e o hálito só teu
Só meu com sempre quisera eu ter

Sem importância nenhuma o sentimento
Afinal, quem sente pode esquecer depois
Lembro do teu primeiro presente, o olhar
Desde então me sinto livre com este laço

O tempo foge e deixa de existir, é eterno
O tempo nos foi terno, macio, alongou
Não me vejo longe de ti ou de ti ausente
É um outro nível, não há palavras a dizer

Uma declaração de amor? Não necessária
Como todas as declarações deste tipo
Há coisas de se fazer e não de se falar
Muito bom estar com você







Instrumentos da dor – 040814 *

Posted by paulovinheiro on agosto 5, 2014
Letra P01

Palavras letais, quais as que não se pronunciam

Variam tais e quais como se as pronunciamos

Deletérias correm nas nossas veias e artérias

Apunhalam nossos corações e os esvaziam

É como um sorriso… de bocas fechadas

É como quem justifica a dor

Letras trincadas e feridas que desdizem

Palavras fraturadas que torturam

Sem sentido o relógio passeia nos pulsos

Meu pulso se perde na solidão da cidade

Meu punho cerra e eu grito ferido

Por um soco no ar… sufoco sem ar

A marcha segue sem fundamento

Não lembro bem por que me revolto

Riquezas no bolso e uma mente pobre

Diários inválidos suspensos no tempo

Por que respiro? Qual meu propósito?

A roda gira e subimos gigantes

A roda-gigante e a água-viva transbordam

Meus passos se perdem frente aos teus pés

O amor deu lugar ao erro e erro

Me perco em descaminhos

Me encontro tão sozinho

Eu largo mão de andar a pé

Me consumiu a poesia e agora eu a consumo

A areia, a praia, as ondas e meu destino

Deixo a vida à toa, busco um novo rumo

Canto a poesia e proseio com a viola

Meu canto viola com palavras a ordem

Que varia deletéria apunhalando minha boca

Meu sorriso trincado desdiz o sentido relógio

A cidade pulsa em meu punho ferido

Penso: a marcha por que respiro é meu propósito?

A mente inválida e o coração na mão

A roda-viva, a cidade, se perdem em curvas

Construo poesia de pedra pois de areia esvai


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Esquecer

corre entre as pedras feito água
a palavra fica sem jeito quando para
sem sentido como num livro que ninguém lê
sem palavras

livros correm entre os homens
palavras se perdem entre linhas
poesia que se desencontra
líquida translúcida vertida

símbolos em papéis espalhados pelo vento
coelhos assustados pulam no mato,
somem, sem motivos, só o medo de ser,
ou nem ser, e pra que motivo seria

negar, negar, até se sentir completo
assim como quem já foi estrada afora
desmedidos cuidados esquecidos
imagens desfocadas do que se supõe

imagens poéticas, desbotadas lembranças
incertas certezas que gritam nuas
olhos que ouvem e saboreiam lentos
os sentidos que o poeta descreve

...
lágrimas na chuva, quando chove...

Hoje é sábado

Hoje é sábado, por que?
O porque hoje é sábado? Não sei.
Dizem que hoje Ele descansou.
Eu não, não descanso, ainda.
Saio e vou ver o sol, isso mesmo...
Se pudesses saber desta minha aventura...
Sairias agora para venerá-lo... ou não.

Preso no céu lá vai ele que gira de ali para lá.
Preso como eu à terra de minhas pegadas.
Acho graça das alegrias que são sem terem sido um dia.
Jogo as palavras num gira-mundo, sem-fim,
Porém como me rodo, tropeço com elas enfim.
E Ele quem nos deu o bem maior, a liberdade,
De nós se ri ao ver o que fizemos dela.

Minha irmã, mulher moça, quem se chama Liberdade,
Andamos eu e ela pelos caminhos de terra,
Subimos colinas e vemos o horizonte,
Que pelas serras se mostra torto.

Criação coletiva




Temos uma necessidade especial de nos sentirmos seguros num grupo.
Temos a ilusão que o grupo nos protege e isto não é necessariamente ruim.
Alguém pra se sentir aceito deve criar em grupo.
O que é o grupo?

Quando há talentos individuais seus portadores se impedem a si mesmos de os revelar.
Há uma compulsão absurda de se fazer ver na manada.
Um diferente muito igual é ser só um igual sem ser diferente.
Um texto que fala pra uma tribo é legal, mas outro que fale para mais que isso é mais que isso.

É um inferno escrever para agradar, nunca agrada ou sacia...
Escrever por gostar de fazê-lo dispensa aplausos, e às vezes leitores.
Há páginas muito bem escrita de escritores muito bem esquecidos.
Há “campeões de venda” quem merecem os leitores que tem – isto não é elogio.

As redes sociais tem suas serventias, mas não fazem eco à qualidade, necessariamente.
Revendo alguns textos de alunos do ensino fundamental e médio...
Entendo como deve ser a postura de novos escritores.
Falar para a média não deveria ser só mediocridade.

Gostaria de escrever melhor, mas estou preso em limitações, porém só minhas.
Alguém fez isto: escrever "sem escrever, dizer sem dizer", escrevendo e dizendo tudo.
Machado de Assis, ele mesmo, nos dá uma aula, àqueles que gostam e os que não gostam de escrever.
Qual é o seu texto onde diz demais sem escrever quaisquer palavras?

Sim, há.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

OU TUBRO/13


 

Clear, 081013

Muito além da razão de quem não tem
Por mais buscar a sinceridade onde não há
Um sentido sem sentido que desmaia
Desilude e se cala, assim como se deve calar
Um pensar matemático é de admirar
Assim como se admira um bobo e seu discurso
Um por ser incompreensível e o outro também
Firme como uma corda solta sem o que amarrar
Seguindo por uma tal escuridão que só dá desencanto
Sobrou um não sei que que se aninha e mofa
Metamorfose do mofo e do abandono, desrazão
Pra que? Por que? Por quem? O que se dirá?

-x-x-x-x-x-x-x-x

Desandanças - 081013

Tudo quanto sei são das trevas
Aquelas que renuncio sem certeza
Tudo por onde ando são breus
Quanto toco carece de luz e
Sofre de tanto esperar em vão
Sofro também, pois nada sei
Neste misto de sim e não
Nisto que aceitamos como vida
Não há, sinto, algo valioso
Seria temerário dizer que há além?
Troco passos em calçadas e afins
Me perco das sobras e de mim

x-x-x-x-x-x-x-x

Presunto - 081013 *

O que acho das coisas de fora e das coisas de dentro?
Em que nisto há importância ou algo que a tenha?
Nos pensamentos há voltas que eles não querem arretar
Eles tem vida, daquele tipo que desvale o tempo gasto
Um achar sem motivo e um motivo sem poder, pra quê?
Assim onde se vai? Dar voltas e nada mais? Pra quê?
Achar que se sabe não é saber e nem é poder

No que acreditar? No que se quer acreditar?
Nada é fácil ou difícil, tudo há que fazer
Palavras de jogos, fáceis, pensamentos vãos
Tempos sem ponteiros, sem norte, sem senso
Nuvens sem chuva e dias sem sol
O vento recolhe as sobras, as sombras
E o sorriso do que não sorri colore o céu
E as palavras se fundem em confusão
E a platéia aplaude, razão de aprovação
E a lágrima seca por conformação
E a galera se agita expiando a paixão
Cair não mais teme rolando no chão

Em que queres acreditar?

x-x-x-x-x-x-x-x

Funeral - 261013

Os textos sobre antas e gias não traduzem antologias
Meus olhos andam atentos e nervosos
Procuram páginas viráveis e memoráveis
Estou tão cansado que gostaria de morrer
Não suporto mais esta luta à toa
Prefiro a poesia que a vida, isto que chamam de vida
Um poeta morto... isto é magno, maioral
Alguém que se esqueça do tempo, de seus efeitos
As glórias... ora as glórias...quem precisa disso?
As memórias são erros que nos perseguem
Esquecemos fácil as vitórias
Onde estão as páginas que nos fazem tremer?

X-x-x-x-x-x-x-x

Avignon – 271013

Nas terras de França a opinião foi outra
d'Aqui não vimos, mas ouvimos falar
Há quem se descuide de querer saber
Há quem nem queira ousar falar
O certo é que nos trópicos de cá
Aprendemos a acreditar e obedecer
Sem discutir nos calamos e esperamos
Quem sabe alguém venha nos salvar
Montados cavalos mancos seguimos
Passos suaves para um líder nos montar

x-x-x-x-x-x-x-x

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Terra - 18092013


 

A terra doura as minhas botas
As terra e botas são amar elas
Frutos e pratos nas mesas são
Os dias não serão como antes

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

De branco 18092013

Leve criatura voa sem sombra
Risca no céu uma curva sem cor
Brinca com meus olhos exaustos
Se afasta sem luz, brilho ou cor

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A sombra - 05062013


A sombra


Que me dizes!
Tantas coisas!
O que ouço!
Coisa alguma.
Alguma coisa me diz que não sei o que queres.
Repita... De novo... Até te cansares.
Quem sabe eu veja, por acreditares, como eu acreditar.


O que vês na escuridão?
Por que não tens medo de tropeçares?
Eu tenho medo, muito medo!
Por aí não vou, não.
Vai que me perco... Vai que tu sumas... O que farei?
Por fim, eu nem pensava nisso... Em mudar de mim.
Tá bom! Não preciso de mais nada. Sou feliz.


Há quem diga que sou feio.
Há quem diga que sou manco.
Há quem diga o que quiser...
Estou aqui há muito.
Nunca chamei ninguém e nem chamarei.
Queres me distrair? Que venha, é barato.
A não ser que eu ganhe algo, agora, amanhã te esquecerei.


Não quero te tirar a coragem, mas há tantas coisas na vida que podem ser mais valiosas que investir em quem não quer.
Veja que as coisas se resolvem, elas sempre se resolvem.
Há várias formas de fazer e de fazer fazer. Uma delas é deixar estar, é mesmo...
Não fique alegre, nem fique triste... Fique atento!


Alguém disse que a melhor forma de pensar é não pensar.
Mor das vezes, a gente pode deixar o gado escolher o pasto, e fim.
Quando for necessário a gente separa o gado que interessa do que se cuidará sozinho.


Nem alegria e nem dor.
Ser como o fazendeiro de formigas.
Até um dia elas pensarem por si.


Antes disso fazemos nosso trabalho e deixamos quem quer se divertir que se divirta.


sábado, 18 de maio de 2013

Velejar velejei 14052013



Entre velas vou ao mar
Por favelas volto à terra
Cruzo o horizonte contrário
Pisando em poças rasas

Crio nas ruas que cruzo
Um clima de aberto silêncio
E os gritos se perdem lá fora
Buscando quem ouça em mim

Sombras, crimes, violências
Um cardápio? O que queres?
A poesia? ela cabe aqui?
Entre balas, tapas e chutes

Concorrer é natural, a poesia não
É comum o esquecer da vida
Viver é arrancar tudo de tudo
Depois de tudo sobrará o nada

Agora podemos sorrir
Arejar os dentes
Morrer entre os vivos
Viver entre os mortos

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Vinhas - 05052013


Lá acima de aquele monte brilha
Ouro que cristalina água espalha
Sem mata, sem sentido, esconde
Tudo que os meus olhos procuram

Estronda todo o sabor em música
Oculto
Perfeito
Esquálido e escuro

Tramo tudo que o amor trama
Esbarro em tudo que te ama
Divido meus olhos com os teus
E parto de longe a buscar-te aqui

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A realidade de maya - carta a um amigo ou dois


Outro dia fiquei sabendo que um amigo meu perdeu a mãe, eufemismo para não dizer que ela morreu.
Dias depois morreu o meu pai.
Dias mais encontrei o amigo que a mãe morrera e ele estava "no chão"... um mês, ou mais, de luto.
Perguntei como estavam as coisas e ele me respondeu que estavam mau(s).
Perguntei o porque.
Respondeu com a mão na mãe... neste momento a dor da morte de meu pai fez sentido.
Raciocinei, raciocinei... e disse:
- Tua mãe gostava tanto de você quanto você dela?
- Um não vivia sem o outro - respondeu.
- Quando ela te via triste o que ela dizia ou fazia?
- Me animava, me dava força.
- Se ela estivesse aqui agora gostaria de ver suas lágrimas?
- Não.
Zeca, as nossas lágrimas secaram juntas. Paramos de chorar e fomos um pra cada lado, mas de braços dados.

Se a Maya estivesse do teu lado estaria, talvez, lambendo as tuas mãos, não querendo carinho, mas sim te carinhando.
Te pergunto: se ela, a Maya estivesse agora ao teu lado gostaria de vê-lo triste?

Sei que as coisas não são tão simples assim, mas pra que a gente vai complicar mais ainda, não é?

Os amigos Paulo e Shirlei te saúdam.

Em tempo: recomendações à patroa.

*Originalmente este texto foi criado num celular e a redação estava horrenda, pelo menos agora dá pro gasto.